A Autora Investiga A Cultura Livresca Dos Príncipes De Avis (que Reinaram Em Portugal Entre 1385 E 1580) E Procura Examinar As Condições Materiais E Políticas Da Produção Dos Manuscritos Principalmente Durante O Século Xv, Correspondente Ao Fim Do Medievo, Quando, Apesar Do Prestígio Ainda Grande Da Memória Viva, Percebe-se Um Crescente Apreço Pelo Livro, Pela Sua Capacidade De Diálogo Com A Oralidade E Por Seu Já Então Perceptível Potencial De Ordenação E Perpetuidade. Naquele Período, Escrever E Ler Eram Atos Tidos Como Principalmente Morais E Éticos, Não Apenas Em Portugal, Mas Em Toda A Europa. Segundo A Autora, A Escrita É Pensada Como Um Instrumento De Articulação Entre O Passado, O Que Esse Passado Deveria Ter Sido E O Que Ele Deverá Ser No Futuro, Ou Seja, Como Uma Organização Dos Saberes Com Um Direcionamento Para O Futuro, Visando Ao Mesmo Tempo Cada Indivíduo E O Todo Social. Os Discursos São Também Eivados De Compromissos De Preservação Dos Costumes E De Finalidades Edificantes E Prescritivas, Pois, Para Os Letrados Quatrocentistas, Escrever E Ler Não Eram Atos Isentos De Consequências, Antes Pelo Contrário, Eram Considerados Como Atos Que Desencadeavam Outros, Sendo Natural, Assim, Que A Chamada “literatura Cortesã” Fosse Simultaneamente Filosófica, Política E Religiosa, Com Um Forte Componente Educativo.