Gabinete De Curiosidades É O Título Do Poema Que Abre E Nomeia Este Livro. Os Tais Gabinetes, Ou “câmaras De Maravilhas”, Surgiram Na Europa Nos Séculos Xvi E Xvii. Eram Locais Em Que Coleções De Objetos Curiosos Ou Raros Eram Agrupadas E Expostas. Eram Mantidos Por Reis, Príncipes, Nobres, Burgueses Mais Abastados E Artistas.
poesia É Bom De Se Ler, Mas É Muito Melhor De Se Ouvir. Quando Max, Personagem De Outra Obra Do Autor, Conversava Com Dois Demônios Travestidos De Gente, Alguns Dias Após A Obra Ser Lançada Sem Sucesso Numa Livraria Siberiana, Foi Esse O Conselho Que Escutou. Mas Já Era Tarde. E Tudo Virou Prosa. Mas Há Sempre A Possibilidade Maravilhosa De Se Procurar A Poesia Escondida Dentro Da Prosa. E É Tão Fácil Encontrar! Gabinete De Curiosidades Tem Um Pouco Disso. Por Lidar Com Ossadas Antigas, Caroços Secos De Frutas Paleolíticas, Aves De Rapina Empalhadas E Outros Objetos Exóticos – Como Amor, Raiva, Saudade Ou Arrependimento –, Os Sentimentos Mais Íntimos Do Autor, A Dor Que Sai De Certos Poemas É, Por Vezes, Constrangedora.
e Qual A Razão De Tamanho Sofrimento? Por Que Tantas Queixas Sobre Si Próprio E O Mundo? Seria Mentira? Um Puro Exercício Da Invenção? E Os Seus Repentes De Amor? Haveria Tanto Espaço Neste Planeta Confuso Para Alguém Ainda Se Atrever A Simplesmente Amar? Não Obstante, O Autor Reconhece Que É Possível Ler Poemas Num Vagão De Trem E, Mesmo Com O Barulho E O Sacolejar, Ainda Assim, O Leitor Pode Se Apaixonar. E Ele Até Reconhece Como Possível Ler-se A Prosa De Borges E Chorar. Prosa, Poesia, Poesia, Prosa, Cheiro De Rosa No Ar, Mergulhar, Mar... Gabinete De Curiosidades Traz Poesias Doces E, Ao Mesmo Tempo, Poemas Ácidos, Exóticos E Mais Difíceis De Gostar.