A Foto Ruim Se Torna Muito Boa Quando Ela Rompe Com Expectativas De Enquadramento Ou Com Te´cnicas Que, De Uso Ta~o Recorrente, Deixam De Significar O Que Puderam Em Outro Momento. Porque Nem Todas Queremos Ver As Mesmas Imagens. E´ Para Essa Forc¸a Daquilo Que Pode Nos Dizer Outra Coisa Que Fotos Ruins Muito Boas Orienta A Visa~o. E´ Como Quem Experimenta A Direc¸a~o Do Refletor Que Moema Vilela Tem Explorado, Em Sua Trajeto´ria Arti´stica, Os Limites Da Te´cnica. Tal Como Qualquer Uma De No´s, A Autora Esta´ Imersa Em Um Mundo De Imagens, Mas Insiste, Para A Nossa Sorte, Em Romper Com O Sentido Mais Aceito Do Que E´ Belo. Desse Jeito, Vai Projetando Fotografias Cotidianas Que Recebem Pouca Atenc¸a~o Na Literatura Feita Por No´s No Tempo De Agora, Valorizando As Pro´prias Memo´rias E Expandindo, Para Quem Le^, Os Universos E Os Tempos Que Cria Na Escrita. E´ Por Isso Que Ela Escreve Sobre “encher A Cara” E Da´ Vontade De Acompanhar A Narrativa Como Quem Corre Para Assistir A Um Filme De Que Todo Mundo Que Nos Importa Esta´ Falando. Alia´s, A Poe´tica De Moema Tem Um Apelo Audiovisual, E Com Direito A Trilha Musical Pop. Atenta Aos “momentos/ De Prodi´gios Os Mais Banais”, Garante Que, Mesmo Diante De Toda “essa Desorientac¸a~o Abissal/ Que Nos Distrai De Fatos O´bvios”, E´ Possi´vel Encontrar Um Livro Que Construa Um A´lbum De Retratos Polifo^nicos Ta~o Interessante Como Esse. [fernanda Bastos]